sábado, 20 de novembro de 2010

Experiências do outro lado do mundo


Aracy Tieme conta as dificuldades que passou quando saiu do Brasil para ir trabalhar e morar no Japão
                                                                                             
O ser humano possui uma necessidade de reunir-se em grupos. O sociólogo André Arruda nos disse em uma entrevista postada anteriormente que: Os seres-humanos não vivem isolados. Na convivência cotidiana é natural que o homem vá buscando vínculos e níveis diferenciados de interação (...) É reconfortante saber que você pertence a um grupo, que não está sozinho no mundo”. Quando ocorre uma mudança brusca em nossas vidas e passamos a conviver com uma cultura completamente diferente, temos que saber lidar com os novos costumes de um povo, principalmente se este for de um país localizado do outro lado do mundo do que estamos habituados.
            E isso ocorreu com Araci Tieme Hamaguchi, 55 anos, filha de japoneses que vieram buscar no Brasil condições melhores de vida, depois de desistir da faculdade de enfermagem no Brasil, resolveu ir trabalhar no Japão. Sua primeira ida ao país em 1994, foi a Nagano para trabalhar em um Hotel de temporadas de Esqui como garçonete. No fim da temporada este mesmo hotel mandou Araci e o grupo de brasileiros que estavam com ela a Kyoto, para trabalhar em um outro hotel da companhia. Com apenas dois meses de trabalho ela recebeu um cargo como interprete para o grupo de brasileiros que chegavam ao Japão. “Eu fiquei no lugar de um brasileiro que tinha ido embora porque não agüentava mais a pressão de ser estrangeiro”. Mesmo já conhecendo os costumes e a língua dessa outra tribo, Araci sentiu dificuldades e sofreu preconceito por ser brasileira. Então, após seis meses de experiência, ela voltou ao Brasil.
            Dois anos se passaram e Araci Tieme resolveu tentar a vida de novo no Japão, pois encontrou uma oferta boa de emprego dessa vez em Osaka. Chegando à cidade, ela e mais um grupo de 20 brasileiros tiveram que passar a noite num quarto pequeno, sem janta e com suas malas confiscadas pela agência que os levaram ao país “Lá parecia um bordel, uma boate. Ficamos a noite inteira sem comer”.
As dificuldades não pararam por ai. No outro dia, Araci e mais algumas mulheres foram levadas para trabalhar em um Frigorífico, na câmara fria: “Foi uma decepção enorme. Na agência nos falaram que íamos trabalhar em uma fábrica, chegando lá não era isso que falaram.” Depois de alguns dias de trabalho, elas resolveram recusar o emprego.
Então, essa agencia mandou Araci e o grupo de mulheres para trabalhar na parte de embutidos. Chegando lá elas perceberam que só havia trabalhadores japoneses. E sofreram mais preconceito: “Tudo que acontecia de errado caia sobre nós, porque éramos estrangeiras” Araci não aguentou a pressão, e pediu para trabalhar em outra empresa, que fabricava marmitas. Nesta fábrica ela trabalhava muito mais, e se fizesse hora extra não tinha direito a jantar.

            Um mês se passou e Araci percebeu que aquela jornada de trabalho estava fazendo mal a sua saúde: “Eu estava desnutrida e com gastrite” Percebendo seu estado causado por duras horas de trabalho e má alimentação, Araci resolveu sair da fábrica para trabalhar na província de Oyama num restaurante que servia comida brasileira: “Lá era bom porque a maioria das pessoas que frequentavam o local eram brasileiros. Uma vez ou outra apareciam japoneses e eles estranhavam o feijão salgado, porque no Japão só existe feijão doce’’
            Nesses anos no Japão, Araci Tieme percebeu que apesar dos japoneses terem fama de “frios” são um povo muito alegre: “Tudo para eles é motivo de festa e alegria, desde a boa colheita das safras até a comemoração do ano novo com carros alegóricos enfeitados com flores e luzes” O que também chamou a atenção foi a preocupação do país com a natureza: “Cada dono da calçada é obrigado a limpar todos os dias a sua parte. A prefeitura distribui para cada casa um calendário indicando qual o lixo que será retirado no dia, na segunda é vidro, na terça plástico, quarta papel e assim por diante, todos são obrigados a fazer sua parte e se todo lugar fosse igual lá acho que não teria poluição no mundo”
            Longe do Japão há quase 10 anos, Tiemi disse que apesar do preconceito que sofreu com alguns japoneses e se tivesse uma nova oportunidade voltaria para o Japão: “Para viver eu prefiro lá, porque apesar da alimentação ser cara, tudo é fácil e pratico. E em matéria de segurança e conforto também. Aqui no Brasil têm muita violência”. Para ela a cultura e modo de viver dos japoneses é um grande aprendizado.
                                                                                                                                                                                                                                 

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Uma tribo da Alemanha oriental

Vamos voltar no tempo e imaginar que estamos na Alemanha ainda com um muro dividindo a nação. No lado ocidental, artistas já mostravam suas ideias através das pinturas nessa parede, mas o oriente encarava o cinza todas as manhãs.
1989, o muro de Berlim é derrubado e restam partes dele espalhadas pelo país. Artistas juntam-se e resolvem “decorar” a face oriental da muralha e, a partir daí, surge a East Side Gallery, uma exposição de grafites ao céu aberto.Se imaginar uma tribo em nosso próprio país e época já é complicado, mais difícil é tentar visualizar um grupo do outro lado do mundo e em um tempo de repressão. Mas os seres humanos são os mesmos em qualquer lugar e sentem necessidade de formar comunidades para mostrar aquilo que acreditam, como ocorre nas pinturas do muro. Os grafites foram feitos por artistas vindos de vários países, alguns famosos no meio e outros desconhecidos, porém todos mostrando sentimentos perante aquele antigo símbolo de separação.A região do muro de Berlim durante um tempo ficou conhecida como espaço perigoso e clandestino. Hoje várias tribos reúnem-se nos galpões abandonados do espaço e aproveitam a liberdade para expressar suas opiniões e fazer aquilo que eles gostam.
Os grupos, em sua maioria, necessitam de espaço público para praticarem suas atividades., locais estes que nem sempre estão disponíveis. O East Side Gallery é um exemplo de uso de um local abandonado para registrar a marca de uma tribo; não há donos nessas paredes, são somente artistas utilizando um símbolo da repressão para a expressão.
Mais sobre o Muro de Berlim no site DW que também traz sobre a restauração dos grafites. Sobre a East Side Gallery, vale a pena o video abaixo do programa Lugar Incomum, do canal Multishow.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Clube da Jardinagem



Tudo começou com um curso de jardinagem da prefeitura de São Paulo que somada à idéia de um professor deu origem ao clube, hoje com mais de 200 pessoas

Quem me conta essa historia é a integrante do clube há 20 anos Heloisa Leme que durante a conversa narra como começou o grupo. “A idéia era de reunir as pessoas que já haviam feito esse curso para a troca de informações e idéias sobre jardinagem.”Na época em que se iniciou o grupo, há 33 anos atrás, as mulheres dispunham de mais tempo para outras atividades, a sociedade tinha um sistema diferente, hoje as mulheres trabalham e então não conseguem se comprometer outras coisas.” Lembra ela
O grupo já teve por volta de 400 pessoas, hoje com “apenas” 290 exige uma grande infra estrutura e organização, cada grupo tem uma chefe e uma responsável pelos contatos, existe uma agenda chama de caderninho verde que constantemente é atualizado e aprimorado devido a mudanças de endereços e a adesão de novos membros.
A tribo da jardinagem se reúne sempre as 4 feiras com cada uma divida em reuniões da diretoria e outra a reuniões dos grupos que levam sempre o nome de uma planta, Heloisa faz parte do grupo das Angélicas.. “Nesses encontros são discutidos diversos assuntos como exposições, palestra sempre com o foco de jardinagem e meio ambiente.” Existe também o planejamento a exposição anual.
“Nessa exposição cada um leva o que tem de melhor, o que tem prazer em cultivar, é a festa máxima do clube.”Comenta a orgulhosa dona de lindas orquídeas que sempre são expostas.” A mostra é dividida por categoria das plantas como, por exemplo, as cactáceas as orquídeas entre outras.” Completa ela.
O clube é aberto a qualquer a qualquer pessoa de qualquer idade e tem como objetivo gerar conhecimento sobre o assunto e assim une prazer a colaboração com o foco de ensinar sobre a natureza e sua grande diversidade.
Mas não é só a exposições e palestras que a tribo se dedica existem também as viagens feitas tanto pelo Brasil como pelo o exterior que só acrescentam a essa turma. São duas saídas por ano, uma mais rápida, e uma maior. As viagens destacadas por Heloísa são Campos do Jordão, no ano passado e esse ano, uma ida de navio até Amsterdã na Holanda com parada nos portos brasileiros e europeus para visitar a exposição de tulipas no parque de Keukenhof. “Essa exposição é qualquer coisa de fantastica,é a coisa mais linda que eu já vi na minha vida.” Recorda ela com um sorriso de encantamento no rosto.
Sobre a viagem para Campos ela conta que o grupo visitou o sitio de um senhor que seguindo todas as normas ecologicamente corretas mantém o sitio aberto ao publico para visitação e conhecer o lugar e aprender as técnicas de cultivo. “Nós tivemos a oportunidade de estar com o dono e uma grande asistencia da organização do grupo para conhecermos mais e acrescentar informação sobre o assunto.” Narra Heloisa.
A experiência de fazer parte de um grupo como esse vai muito alem da jardinagem os membros do grupo estão muito ligados uns aos outros tanto nas alegrias como nos momentos de dificuldade. “O meu grupo, as Angélicas, é um grupo homogêneo e solidário, eu fiz grandes amizades lá as outras pessoas nos admiram pela nossa união com mais de 10 anos.” Conta.
Esse clube incentiva a cada um ter o seu cantinho de jardinagem em casa e isso é um mais um motivo de satisfação para Heloisa, “Eu não tinha nada na minha fazenda, mas hoje ela está com um jardim florido e isso com certeza tem influencia do que eu aprendi, inclusive está todo catalogado.”
A maior lição como tribo que se pode tirar dessa história é o estreitamento de relações e o convívio das pessoas em um grande grupo que alem de se preocupar com a natureza, tão necessitada de cuidados nos dias de hoje, atua em varias áreas compartilhando conhecimento e ótimas lembranças por onde passam que marcam suas vidas.


crédito da foto: Ada van Deursen

sábado, 13 de novembro de 2010

Tudo quase parecido


Eles poderiam ter sido os personagens do filme que assistiram. Suas vidas formam uma tribo, um enredo, uma paixão.

“Lembro-me de Natalie Portam na pele de uma mulher misteriosa e sedutora, que mesmo sofrendo era apaixonante.”

“Vivia igual a personagem de Julia Roberts que tinha um cara incrível e apaixonado por ela, mas que se via intensamente envolvida por outro.”

“Descobri que a mulher com que vivia era uma estranha, só depois do fim de um relacionamento de anos conheci seu verdadeiro nome.”

Essas frases parecem desconexas e sem sentido, mas não para quem quase viveu ou assistiu o filme Closer. Andreia, Caroline e Rafael se conheceram em uma sessão de cinema que exibia as histórias permeadas de amor e traições de Anna (Julia Roberts), Dan (Jude Law). Larry (Clive Owen) e Alice (Natalie Portaman).

Exibido em 2004 e com direção Mike Nichols, Closer demonstra a contemporaneidade das relações, onde a barreira de ser um estranho e tornar-se íntimo é rapidamente vencida. A primeira cena do filme nos traz essa a visão, dali para frente as existências desses quatros personagens principais se cruzam, se tocam e se machucam.

“Nos identificamos muito com esse filme, cada um de nós trazia um pedaço dele. É estranho encontrar um estranho no cinema e começar a conversar com ele e ver que tem algo em comum. Seria uma benção? Ou tragédia?.” (Risos)

Dita essas palavras a professora de ensino médio, Caroline Abraão, abraça seu namorado, Rafael Santos, que lhe retribui o sorriso e sussurra: “Benção!”. Começaram a namorar pouco tempo depois que se conheceram naquele dia em que também estava a fotógrafa Isabel Vilaverde. O três hoje são amigos e assistem a dezenas de filmes juntos.

Como a fotógrafa do filme, Isabel era casada, mas se sentia atraída por outro homem, superando a depressão também conseguiu se separar e viver com quem realmente gostava. Já Rafael foi casado a anos e descobri três dias após a separação que sua mulher “Isadora” (ele não quis revelar o nome verdadeiro dela) nunca existiu. “Foi complicado, me senti sem chão, sem saber se vivi ou não uma realidade”, relata ele. E Caroline era quase a encarnação da personagem Alice, sedutora e misteriosa.

Eles acompanham filmes e veem principalmente filmes brasileiros. Gostam de estar por dentro dos bastidores e de onde foram feitas a gravações. Elogiam o mais recente lançamento Tropa de Eliete 2, o achando mais politico do que o primeiro. Essa tribo teve sua história nascida nos cinemas e a ele Rafael, Caroline e Isabel só tem a agradecer quando as luzes se apagam.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Culturalista

O NasTribos colocou em cena admiradores da música, fãs do esporte, apaixonados por musicais, entre outras tribos e movimentos, cada qual com sua singularidade.
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Hoje o nosso blog irá reunir um pouco de uma mulher tipicamente pluralista:
"uma quase adulta. Quase criança. Quase atriz. Quase cantora. Quase artista. Quase um pouco de tudo.”
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Ela é jornalista de formação, no alto dos 22 anos de idade. Mas de longa data carrega na bagagem paixão pela música, fotografia e teatro. Nascida em Santo André, atualmente mora em Mauá, no ABC.
Apresento-lhes Rose Castilho, a “culturalista”, pois não haveria neologismo melhor para classificar essa amante pela arte.
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NasTribos: Você se considera pertencente a uma tribo específica?
Rose: Não gosto muito de rotular as coisas assim, pra falar a verdade. Eu sempre fui muita coisa. Sempre quis muita coisa. Já quis até ser psicóloga, certa época da vida. Então, acho que não pertenço a nenhuma ou então pertenço a quase todas, pelo menos um pouquinho. Mas, se eu tivesse que dizer uma, acho que eu diria a tribo dos artistas (se é que ela existe)

NasTribos: Você é formada em Jornalismo pela Metodista. Pretende se profissionalizar na música e no teatro, ou os têm apenas como hobby? (tribo ou profissão?)

Rose: Humm, pergunta difícil. Eu seria a pessoa mais feliz do mundo se conseguisse trabalhar e ganhar meu dinheiro mês a mês com uma dessas ou todas. No entanto, como sei que não é fácil, já ficaria muito contente se eu pudesse aliar o jornalismo com a arte.

Nastribos: No seu blog "Fio dos Delírios", você se descreve como "quase" jornalista, atriz e cantora. Atrelar o jornalismo seria uma maneira de eliminar o "quase" dessas classificações?

Rose:
Ah, na verdade, eu comecei com isto na época em que eu era apenas uma estudante. Aí acabei "adotando" o termo por acreditar que, independente da profissão, eu nunca serei nada por completo. Nem atriz, nem jornalista, nem cantora. Porque sempre tem mais pra aprender e pra crescer. Ai
nda mais quando falamos de arte, que trabalha diretamente com o ser humano, nunca há um limite, nunca se está formado.
NasTribos: Em quais locais você pratica costuma desenvolver esse lado cultural?

Rose: Atualmente participo de um projeto chamado Terças Autorais, que é, na verdade, um encontro de compositores, músicos e artistas em geral. Nos encontramos todas as terças-feiras, no Espaço Cultural Gambalaia, em Santo André. O encontro é aberto ao público. A entrada custa apenas 5 reais. E os compositores podem apresentar seus trabalhos lá. É um local de troca de experiências e de conhecimento.


NasTribos: Quanto ao teatro...
Rose: Estou, no momento, participando da Oficina Teatral do Grite, na Universidade de São Caetano do Sul. Estrearemos o espetáculo no próximo dia 27 de novembro. E também tenho tido parte ativa no grupoPequeno Teatro de Torneado, que atualmente tem um espaço próprio na Saúde, em São Paulo. Mas ainda não estou atuando por lá, estou mais auxiliando o grupo.

NasTribos: O seu blog é a extensão dos seus “devaneios” e co espaço para a composição de suas letras?
Rose: Pode-se dizer que sim. Nem sempre composições musicais. Mas, sim, são composições. Às vezes, poemas. Às vezes, textos. Às vezes, músicas. Em geral, um escape prosmeus pensamentos.
NasTribos: Quando despertou a paixão pela fotografia?

Rose: Eu sempre gostei, mas a paixão mesmo veio na faculdade. Quando comecei a aprender mais ou menos como funciona a coisa toda, as técnicas. Na verdade, sempre curti fazer coisas diferentes, desde que comprei minha primeira câmera digital....tirava fotos de umas coisas absurdas, mexia no photoshop...

NasTribos: “Culturalista”, caberia esse neologismo para classificá-la?!
Rose: Achei genial (risos) ! Acredito que seria onde mais me encaixo, justamente por ser muito abrangente.
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BLUES DE CÃO por EvelynNeias no Videolog.tv.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A moda é ser colorido

Eles estão na moda. Geram reações extremas nas pessoas: Ou você ama ou você odeia. Estão constantemente aparecendo na mídia seja pelo visual colorido, ou pelas músicas pop/rock: Eles são popularmente conhecidos como coloridos, mas se denominam Happy Rock

Tudo começou em 2009, com a Banda Cine e a música Garota Radical, que foi sucesso nas rádios. O estilo de se vestir e as músicas que falam de namoros, shoppings e festas viraram febre entre os adolescentes brasileiros. Logo depois veio outras bandas e principalmente a Restart, consolidando o estilo Happy Rock no Brasil e ganhando neste ano de 2010 todos os prêmios que concorreu no VMB (principal evento de música no Brasil). Boa parte da nova onda colorida se deve as redes sociais, como Facebook, Orkut, Myspace e Twitter.

Banda CINE

Os ''Coloridos'' vieram para acabar com o estilo EMO.


Banda RESTART

E assim como os EMOS, os Coloridos sofrem bastante preconceito, muitas vezes chamados de homossexuais por causa do modo de vestir. Sofrem preconceito até mesmo de artistas da mesma área, como o vocalista do Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, dizendo que futuramente eles sentirão vergonha de si mesmos.

Constantemente vemos matérias sobre a nova moda colorida, como na matéria da Revista  Veja e do site Divirta-se.

Fans da banda Restart ''revoltam-se'' com o cancelamento do show:



Felipe Neto, que ficou famoso por seus videos no Youtube brinca ao falar sobre as Bandas coloridas.

Até quando essa moda vai durar?

O que será que virá depois?

sábado, 6 de novembro de 2010

São coisas que eu amo...

Mamma Mia, Cats, Os miseráveis... não precisa conhecer muito sobre teatro para saber de que gênero estamos falando. Sucesso no exterior, nos últimos anos os musicais tem ganhado “versões brasileiras” dignas de aplausos: são produções milionárias, com músicas traduzidas para o português e atores-cantores que não devem em nada para seus concorrentes internacionais. Toda essa magia reflete nos inúmeros fãs que não perdem a chance de conferir as peças.
Caio Lopes é um desses. Aos 17 anos, ele é fã de musicais desde 2006 quando teve a oportunidade de assistir o DVD de O Fantasma da Ópera: “Eu vi e gostei, então no meu aniversário de 13 anos minha tia me levou ao Teatro Abril pra assistir a peça. Achei o máximo, era um espetáculo e tanto e tudo ao vivo, na minha frente!”, comenta. Depois desse “amor a primeira vista” Caio passou a pesquisar sobre o assunto e tenta, na medida do possível, não perder um musical.
Sobre qual a melhor produção que já passou pelo Brasil, o fã parece perdido em escolher apenas uma: “Todas as que eu fui, eu gostei muito. É meio brega dizer, mas tenho um carinho diferente por cada uma”. A indecisão não é para menos, já que os musicais estão cada vez maiores e mais constantes. Só nesse ano foi possível conferir O Rei e Eu, O Despertar da Primavera, Gipsy, O Médico e o Monstro, Cats, Hairspray, entre outros e, com estreias para o final do ano, os clássicos Hair e Mamma Mia. Todos são nomes que carregam orçamentos altíssimos e equipes imensas para reproduzir o que é feito lá fora com o jeito brasileiro.
E os fãs, sempre em busca de novidades, aliam-se para saber as notícias e demonstrar o carinho que tem por essas peças. Caio fez amizades através da rede social Orkut, na comunidade em homenagem a cantriz (cantora+atriz) Kiara Sasso: “Quando A Noviça Rebelde (peça na qual Kiara era protagonista) estava para encerrar a temporada, nós da comunidade combinamos uma homenagem a ela, tudo via internet. No grande dia eu acabei conhecendo todo mundo e mantemos contatos. É bem legal a relação, pois há troca de informações de bastidores que ficamos sabendo ou às vezes alguém tem ingresso sobrando e chama outra pessoa da comunidade”. (Na foto, Caio com a cantriz Kiara Sasso e a amiga Annelise que conheceu pela internet)
As movimentações dessa “tribo” levam a mudanças nas próprias produções, como ocorreu, em maio, com o musical O Despertar da Primavera. A peça teve sua temporada paulistana cancelada por causa da falta de patrocinadores e os fãs indignados se reuniram através das redes sociais e começaram a enviar e-mails, utilizar hashtags no twitter (#voltadespertar), até realizar flash-mobs e mostrar seu interesse pelo retorno. A iniciativa deu certo e O Despertar voltou para São Paulo para mais algumas apresentações.
Pessoas que se juntam para debater sobre aquilo que gostam, essa é a essência de uma tribo e é isso que os fãs de musicais fazem. Podem não se vestir de maneira específica, ou usar o mesmo penteado, mas compartilham do amor pelos espetáculos e da vontade de, por alguns minutos, divertir-se no palco ao som de suas músicas favoritas, e Caio completa: “Eu torço para que algum dia aconteça de eu participar de uma produção dessas”.

Para saber sobre as novidades, vale a pena visitar o site Musicais Brasil e o blog 9 People's Favorite Thing, atualizado por dois fãs do estilo teatral.
Sobre as produções é bom ficar de olho nos blogs dos atores/atrizes como, por exemplo, Kiara Sasso e Saulo Vasconcelos, ou dos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho.

(O título dessa postagem veio da música Coisas que eu amo, da versão brasileira de A Noviça Rebelde. Video aqui.)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma Guria Paulistana


Uma jovem de 21 anos que muda de cidade e passa a conviver com outra tribo em um dos momentos mais decisivos de sua vida.
Seu nome é Thaís Saccomano, paulistana nata apaixonada pelo agito da cidade, de temperamento tranqüilo e boa gente, topa qualquer programa desde que tenha sempre amigos por perto.
Em 2008 chegou a hora de escolher uma carreira, como qualquer um de sua idade a pressão de passar em uma boa faculdade era grande. Mas não era só isso que perturbava a cabeça de Thaís, logo veio a noticia de que teria de se mudar para Porto Alegre – RS por conta do trabalho do pai: “Eu recebi a notícia com tranquilidade, mas o pior momento foi no dia de ir embora, onde caiu a ficha e foi muito tenso me despedir da família, amigos próximos que eu convivi 18 anos da minha vida”- comenta.
A partir daí ela percebeu que grandes surpresas estavam para acontecer, nova cidade, novas pessoas novos costumes aos quais teria que se adaptar.
O encontro com sua nova “tribo” foi impactante e difícil, “Minha maior vontade era voltar pra São Paulo, pois não me identificava com nada.” Todos nós sabemos que é difícil se enturmar quando estamos avançando as fases da vida, da escola onde você passou 11 ou 12 anos, para a faculdade e nem precisa mudar de cidade para isso! Imagine de estado então...
As diferenças apareceram logo, o sotaque e expressões usadas, os costumes e rotina do lugar foram uma barreira que Thaís se adaptou com naturalidade após um começo conturbado, “O clima aqui é diferente, as pessoas com sotaque, mas me receberam bem aqui, o agito da cidade é outro.” E ainda completa: “O gaucho tem o costume de tomar chimarrão, um bom churrasco de domingo enquanto o paulistano adora pedir uma pizza, as expressões, tri legal, tu, ti, capaz? , a primeira vez que me falaram “capaz?”, eu fiquei uns 2 minutos sem entender.” E acrescenta: “Acabei me divertindo com isso, é legal ser diferente, nunca tinha passado por isso antes.”
Hoje já com 2 anos e três meses morando no sul já encara bem as mudanças e até brinca com elas: “As pessoas nem percebem mais que eu não sou daqui, agora quando eu vou pra São Paulo, que tiram uma com a minha cara porque estou falando muito misturado.”
Cursando a faculdade de direito e já tendo passado pela experiência do primeiro estágio, Thaís fala de sua rotina de gaucha: “O primeiro estagio é inesquecível e vou a shoppings nas horas vagas, as pessoas daqui adoram ir ao parque tomar um chimarrão, mas eu ainda não me acostumei com esse tal de chimarrão.” Já se sente membro dessa grande família do Rio Grande do Sul.
A saudade de casa, família e dos amigos aperta às vezes, e a mudança não mudou a relação com os amigos paulistanos, pelo contrario só fortaleceu os laços sendo sempre motivo de encontro quando Thaís vem a São Paulo, e as amizades feitas serão levadas para a vida toda, para ela só trouxe aprendizado positivo: “Ganhei experiência de vida, posso conviver com qualquer pessoa de qualquer região do Brasil e espero no futuro conseguir ter outra oportunidade, mas internacional.”
Thaís se diz tão adaptada ao novo ritmo de vida que hoje não se vê morando em São Paulo, mas certeza que ela voltará é inabalável, afinal a sua verdadeira tribo é a paulistana.
Essa história então, nos faz perceber que mesmo quando não temos muita certeza do que vai acontecer, as diferenças e mudanças aparecem muitas vezes nos surpreendendo com um mundo inteiro de coisas novas e prontas para serem reveladas, basta você estar pronto para elas.
A foto da RZ Turismo se refere a Praça da Matriz um dos pontos turísticos da cidade.
Aqui fica uma sugestão para quem quer saber mais sobre Porto Alegre:

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Eles são vegetarianos, panteístas e felizes

“Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a banda passar cantando coisas de amor”
(A banda - Chico Buarque)

Ela carregava processos. Literalmente. Trajava terno e gravata e no seu andar havia uma tranquilidade que não combinaria com nenhum Fórum. Ela não estava em nenhum Fórum. As mesas e cadeiras voltaram a ser árvores, e o teto um sol estampado, às 14h50, de uma tarde de sexta-feira. Era advogada e nos intervalos que tinha do trabalho, atravessa a maior avenida do país para encontrar um pouco de paz no Parque Trianon. Ela nunca estava só ali. Ela estava à toa na vida.
Guitarrista desde os quatro anos, ela buscava naquele canto um pouco de inspiração: “Ao contrário do que dizem, os roqueiros também tem seu lado calmo, de paz”. Ia praticamente todos os dias praticar exercícios. Tinha uma banda.
Ela carregava livros, cadernos e às vezes jornais. Tinha 1 metro e 84 centímetros, ditos vagarosamente para dar maior destaque. Proust, Machado e Balzac faziam parte dos seus dias naquele lugar que conhecia bem. A primeira vez que foi ali conheceu duas pessoas que fariam parte da sua história dali para frente. Era professor e sempre esperava coisas de amor.
Gabriela Azevedo, Gustavo Miller e Agnaldo Oliveira adoram Chico, mas o que os une não é só a admiração pelo cantor e sim o gosto pela natureza, pelo vegetarianismo e pelo panteísmo.
Conheceram-se ao acaso numa tarde de um outono qualquer de 1994. Dali para frente seriam cúmplices, amigos ou porque não dizer uma tribo. Gabriela que trabalha em um escritório na Avenida Paulista, encontra Gustavo e Agnaldo sempre que pode, “Marcamos pelo MSN e nos vemos. Às vezes rapidamente, às vezes filosofamos a tarde inteira”. Na verdade quem entende mais de filosofia é Agnaldo que leciona língua Portuguesa em uma escola pública, mas é apaixonado por filosofia, “A Gabi e o Miller são os primeiros a conhecerem minhas novas empreitadas filosóficas.” Já a parte mais musicalmente intensa desse trio, Gustavo Miller, considera as afinidades que eles têm como uma base sólida de autoconhecimento, “Descobrimos coisas juntos que hoje me dá certa tranquilidade de saber quem eu sou.”


Um parque em comum
O Parque Ibirapuera é um dos maiores cartões postais de São Paulo e em sua de extensão deve ter ocorridos muitos encontros. Foi justamente nele que Gabriela, Gustavo e Agnaldo se encontraram. Hoje praticam Cooper e andam de bicicleta aos finais de semana. Debaixo daquelas árvores discutem religião, política e futebol. Nunca brigaram até porque no que se refere à religião compartilham da mesma: o panteísmo. Essa forma de pensamento acredita que figura de Deus está em tudo, é parte integrante do que somos e vemos. Nada é tão admirado pelos panteístas do que a natureza que é, visivelmente, um exemplo magnífico da grandiosidade e generosidade do criador. Deus não seria segundo essa visão uma divindade única e sim fragmentada em tudo isso que o Universo nos apresenta. O templo de um panteísta é qualquer lugar que ele se sinta bem.
“Creio que termos essa mesma visão nos ajudou a longo do tempo. Não houve por nossa parte um desgaste tentando um explicar as crenças que tínhamos para os outros. O que houve foi um complemento. Para quem quer conhecer esse tipo de visão é preciso, primeiramente, se libertar de alguns dogmas.”, diz Gabriela.

Um prato em comum
Agnaldo nem se lembra de quando provou carne pela última vez, “Deve ter mais de vinte anos e não sinto falta”. A alimentação é outra característica que os une. Adeptos do vegetarianismo acreditam que assim estarão mais saudáveis, unindo é claro práticas de esportes e boas horas de sono. “Não adianta você fazer algo bom se exageram em outras ou tem hábitos mais nocivos. Eu já toco guitarra, machuco meus ouvidos, então, cuido das outras partes.” brinca Gustavo.

Um cantor em comum
Chico Buarque de Holanda e suas dezenas de canções estão sempre presentes nas conversas desses três amigos. O que difere e a musica que cada um acha a melhor. A Banda é tida como a música tema dessa amizade. “Gostamos dela porque fala de tempo e nossa amizade tem esse componente. Eles preferem a fase do Chico mais antiga quando ele falava do “Cale-se” da ditadura". O DVD Carioca, lançado em 2007, também é muito bem visto por eles. Gabriela ama “Folhetim”, e queria ser como a protagonista da música, mas Agnaldo e Gustavo falam que ela é muito sentimental para tratar os homens como a mulher da música faz.

Uma felicidade incomum
Embora se reconheçam quanto à crença, a alimentação, o cantor, nossos entrevistados não são iguais e é também a diferença que os mantêm unidos. Agnaldo encanta com suas criações literárias, sejam elas poesias ou romances. Já tentou fazer uma dupla com Gustavo para fazerem algumas músicas juntos, porém como ele mesmo diz: “Temos tendências artísticas diferentes. Uma é mais contemplativa, a outra mais explosiva.” Gabriela arrisca umas pincelas, “... tudo na clandestinidade.”, embora tenha feito curso de teatro na adolescência e ter um considerável dragão nas suas costas, hoje se considera mais uma espectadora no que se refere a manifestações artísticas.
Naquele dia no Trianon soube da vida dos três. Estavam ali depois de eu tentar entrevistar diversas pessoas. Enquanto descansavam eles apareciam. Pareciam adolescentes que cabularam a aula do colégio para ficar, como disse Chico na canção, “À toa na vida” e aprendi com essa tribo inclassificável que o que une as pessoas, muitas vezes, não é uma única afinidade e sim uma diversidade de pensamentos que se harmonizam e se complementam. Foi bom o papo, ora interrompido pelo celular de Gabriela e seus tantos casos processuais inacabados, ora interrompidos por Agnaldo com suas filosofias Balzaquianas. Gustavo é o mais calmo de todos e por tal motivo o que mais me identifiquei. Eles sabem por que se identificaram uns com os outros, contudo, não se perderam depois que banda passou.
A pedido deles, essa matéria é dedicada a Chico Buarque de Holanda: